Sociedade Esparta- Capitulo 4

12-08-2008 15:12

 

CAPITULO IV- BLAVATSKY E A SOCIEDADE TEOSÓFICA

 

Ainda que as idéias de reencarnação, carma e da existência de civilizações extremamente desenvolvidas no passado da humanidade ainda causem discussões entre cientistas e pesquisadores menos ortodoxos, não há duvida de que essas noções já se encontram de tal forma difundidas nas culturas do planeta, que já não assustam nem causam tanto espanto.

Hoje em dia é comum ler artigos ou ouvir pessoas falando sobre a Lemúria e outras civilizações que teriam existido a milhares ou milhões de anos, e a noção de reencarnação já esta ate mesmo sendo, aos poucos, incorporada a psicologia, com a terapia de vidas passadas e outros procedimentos semelhantes.

As coisas eram um pouco diferentes na época em que Helena Petrovna Blavatsky fundou a Sociedade Teosófica e começou a tornar noções mais conhecidas e populares no mundo ocidental.

A segunda metade do século 19 foi marcada, no chamado mundo espiritualista, por momentos importantes, que tiveram repercussão em praticamente todas as atividades e estudos espirituais do século seguinte. A começar com as comunicações estabelecidas pelas irmãs Fox, em 1848, a idéia de se comunicar com os espíritos se espalhou rapidamente pelo mundo, especialmente na Europa; a partir de 1856, começaram a ser publicados os livros de Allan Kardec, com O Livro dos Espíritos. E, em 1875, era fundada a Sociedade Teosofica, por Helena Blavatsky, Henry S. Olcott e William Q. Judge.

Uma espécie de contraponto a essas atividades foi o desenvolvimento cientifico ocorrido na mesma época. Em 1859, era publicado o livro A Origem das Espécies, de Charles Darwin, que provocaria uma verdadeira revolução na biologia do século seguinte, ainda que a controvérsia a respeito da teoria se estendesse ao inicio do século 20 e, de certa forma, prossiga ate hoje. Em 1869, a Sociedade Dialética de Londres iniciava seus trabalhos de pesquisa sobre os fenômenos psíquicos e, em 1870, o famoso cientista William Cookes também iniciava seus experimentos no mesmo campo. Em 1882, essas pesquisas atingiram um nível ainda mais profundo com a criação da Sociedade para Pesquisas Psíquicas.

No entanto, o aparente choque entre as posturas cientifica e espiritual não impediu que a Sociedade Teosófica- a exemplo do espiritismo e outros ramos de pesquisa ligados a espiritualidade- se estabelecesse como uma influencia fundamental nos estudos que se desenvolveram no século 20. Assim, não é exagero dizer que a Sociedade Teosófica também é uma das bases da chamada Nova Era e das outras posturas espirituais.

Alem disso, também pode ser considerada como o ponto de partida para as pesquisas da chamada “ historia alternativa da Terra”, que teve expoentes como Charles Fort, com seu livro O Livros dos Danados( 1919), e mais recentemente com Robert Charroux, Erich Von Danniken, Charles Berlitz e tantos outros autores.

UNIDADE ESPECIAL

Para alguns estudiosos, as noções divulgadas por Blavatsky tiveram um peso ainda maior do que as do espiritismo, na propagação e popularização das idéias de reencarnação e de carma, até então praticamente desconhecidas no Ocidente, apesar de serem conhecidas tanto na filosofia platônica, quanto no judaísmo e nos primórdios do cristianismo.

Em A Chave para a Teosofia, Blavatsky diz que todos os homens tem, física e espiritualmente, a mesma origem, e esse é o ensinamento fundamental da Sociedade Teosófica. Seu objetivo principal é demonstrar que a unidade essencial de toda vida é um fato danatureza, formando o núcleo de uma fraternidade universal.

Alem disso, como a humanidade é de uma única e mesma essência- infinita, não-criada e eterna, quer seja chamada de Deus ou Natureza- nada pode afetar uma nação ou um homem sem que afete igualmente todas as demais nações e homens. Assim,a Sociedade encoraja o estudo de religiões, ciências e filosofias ancestrais e modernas, par ajudar a promover um melhor entendimento entre as pessoas e o reconhecimento dessa unidade de vida.

Se as diferentes religiões e filosofias forem estudadas e comparadas sem preconceitos e sem paixão, a humanidade poderá chegar a verdade, especialmente se conseguir encontrar os vários pontos em comum entre essas religiões e ensinamentos. Também faz parte dos objetivos da Sociedade o incentivo a investigação e a partilha dessas verdades naturais, que são as leis e forças espirituais, psicológicas e materiais, encontrada no cosmos e no ser humano.

Como cada pessoa é parte do todo, ela também contem, de forma latente ou expressa, todas as qualidades e atributos do cosmos, de modo que uma das maneiras de se entender o universo e tudo o que ele contem é compreendendo a si mesmo da forma mais profunda e completa.

Em suas recomendações, a Sociedade também apresenta uma advertência contra a busca deliberada de poderes psíquicos. Ainda que os seres humanos devam procurar entendê-los, como parte de sua natureza, essa procura pode distrair a pessoa dos objetivos mais profundos para o crescimento humano, levando ao desequilíbrio no desenvolvimento da consciência.

VIAGENS

Nascida na Rússia, em 12 de agosto de 1831, Helena P. Von Hahn, deu inicio a mais de 20 anos de viagens por todo o mundo logo após seu casamento com Nikifor P. Blavatsky, em 1849, de quem tomou o sobrenome com que ficou conhecida. Essas viagens foram fundamentais para seu contato com as mais variadas tradições místicas, ainda que seus biógrafos ressaltem o fato de que, desde cedo, ela já estava acostumada a conhecer diferentes culturas: seu pai, Peter Von Hahn, era capitão e, como tal, freqüentemente transferido de uma cidade a outra.

Já na infância, manifestava interesse pelas lendas, alem de ter contato com a literatura por intermédio da mãe, Helena Andreyevna Hahn- uma escritora bastante conhecida na época- e da imensa biblioteca dos avos maternos, a princesa Helena Dolgorujova. Nessa biblioteca, havia centenas de livros filosofia e esoterismo. Após a morte da mãe, quando Blavatsky tinha apenas 11 anos, ela foi criada pela avo, de modo que teve ainda mais acesso aos livros e começou a desenvolver um contato com o chamado ‘mundo metafísico”, que ia alem d que ela havia aprendido nas leituras.

Ela também dizia que sentia uma presença que iria guia-la, mantendo-a segura, presença que posteriormente reconheceu como sendo o seu mestre, com o qual estabeleceu uma conexão que se tornou fundamental em sua vida.

O casamento foi forçado, e Helena não permitiu que ele se consumasse, conseguindo fugir do marido, da avo e do pai, iniciando sua jornada pelo mundo por conta própria, a procura de quem pudesse lhe dar o conhecimento e sabedoria que tnto desejava. Encontrou ocultistas em Atenas e Cairo, viveu entre os dervixes, os drusos( membros de uma seita secreta na Síria e Líbano), beduínos e sufis.

Apenas em 1852, na Inglaterra, ela disse ter encontrado a quem chamou de “mestre dos meus sonhos”, que posteriornebte ela revelaria ser o mestre indiano que acompanhava desde a infância. Ele lhe disse que a Sociedade Teosófica estava para ser formada, e que desejava que ela fosse a fundadora.

ENCONTRO COM O MESTRE

As viagens e estudos posteriores incluíram contatos com indígenas norte-americanos, o vodu, antigas civilizações amazônicas e as regiões da Índia. Ela tentou chegar ao Tibet através do Nepal, querendo encontrar seu mestre em seu retiro em Tashilhumpo, mas a entrada só lhe foi permitida em 1856, e sua vivencia no pais foi relatada no livro Isis sem véu.

Blavatsky retornou a Rússia em 1858, causando espanto devido a manifestações que provocava, ainda que afirmasse não ser uma médium, mas apenas uma mediadora entre os mortais e seres dos quais nada conhecemos. De todo modo, uma serie de fenômenos parecia ocorrer a sua volta: descobria o que as pessoas pensavam, gerava notas musicais, fazia objetos se moverem a distancia.

Diz-se que essa utilização de suas energias provocou uma transformação em sua saúde e, menos de um ano após ter voltado a Rússia, ficou gravemente enferma. Quatro anos depois, ficou em estado ainda pior, mas nas duas ocasiões ela teve uma cura ida como milagrosa. Mais que isso, após essa segunda doença ela passou a ser capaz de controlar os fenômenos e dete-los com sua vontade.

Em 1867, ela retornou a Índia e finalmente pode se encontrar com seu mestre Morya, e também com o Mahatma Koot Hoomi, que também se tornou seu professor. Ela passou 3 anos estudando com eles, aprendendo a ler e a traduzir para o inglês os mais sagrados textos tibetanos e senzar( senzar é o nome da linguagem secreta sacerdotal). Entre esses, estava O Livro dos Preceitos Dourados, dos quais ela traduziu fragmentos com o titulo: The Voice of the Silence, e o ainda mais famoso The Book of Dizam, cujas estrofes, ou estâncias, formam a base de sua Doutrina Secreta.

ANTIGA SABEDORIA

Blavatsky deixou o Tibet em 1870, dirigindo-se ao Cairo, onde tentou fundar uma sociedade de investigação de fenômenos mediúnicos, logo deixada de lado devido a grande quantidade de fraudes perpetradas pelos médiuns locais.

Um ano depois, seu mestre disse que ela deveria ir para os E.U.A., exatamente onde tinham se iniciado os fenômenos ligados a comunicação com os espíritos, que nessa época já estavam sendo bastante investigados sob o ponto de vista cientifico. Ao chegarem Nova York, leu artigos escritos pelo advogado Henry S. Olcott, referindo-se a menifestaçoes que ocorria na casa dos irmãos Eddy. Ela se encontrou com eles e tentou mostrar-lhes que as aparições não eram de espíritos, mas sim, manifestações de entidades astrais inferiores.

Outro advogado, William Q. Judge, foi atraído para o grupo, e Blavatsky começou a ensinar a eles o que havia aprendido sobre espiritualismo. Os três seriam os principais fundadores da Sociedade Teosófica, em 1875.

Nos dois anos seguintes, Blavatsky dedicou seu tempo a escrever, elaborando seu primeiro livro Isis sem véu, publicado em1877, que atingiu um sucesso inesperado. E já em 1879, a Sociedade Teosófica transferia seu centro para Bombain, na Índia, onde enfrentou novas dificuldades, uma vez que dedicava grande afinidade por todas as religiões locais, consideradas pagas pelos cristãos. Blavatsky foi acusada de odiar os cristãos, de imoralidade, e ate mesmo de ser uma espia do governo russo. Se isso não bastasse, alguns hindus também a criticavam por aceitar pessoas que não tinham a fé hindu e que acreditavam em magia. No entanto, como o estudo sem qualquer preconceito era uma das bases da Sociedade, eles continuaram a trabalhar sem dar atenção as acusações e criticas, unindo-se apenas as pessoa que pensavam e agiam de acordo com esses preceitos.

A DOUTRINA SECRETA

Uma das grandes preocupações de Blavatsky foi com a atenção que o publico dava para a maifstaçoes de fenômenos, mais do que para os ensinamentos de seus mestres e para a sabedoria tradicional. Nesse sentido, as declarações de A.P. Sinnett, em 1879, época em que era diretor do jornal The Pioneer e muito interessado nos fenômenos psíquicos, que ele presenciado em Londres. Sinneet e sua esposa juntaram-se a Sociedade Teosófica, no ano seguinte, presenciaram uma serie de fenmenos que tiveram como ponto central a própria Blavatsky, que creditava o ocorrido a seus mestrs.

Assim, Sineet iniciou um contato de 4 anos com os mestres, que resultou nas chamadas “ cartas dos Mahatmas”, que tratavam especialmente de ensinamentos filosóficos e éticos do conhecimento ancestral. Mas com sua tendência para abordar os fenômenos, Sineet acabou chamando atenção do publco para os poderes psíquicos de Blavatsky, exatamente o que ela não queria.

Em 1884, os médicos disseram que Blavatsky teria que ir para um clima mais ameno, uma vez que sua saúde estava bastante debilitada com as constantes viagens e problemas crônicos nos rins.

Antes de partir para a Europa, Blavatsky e a Sociedade tiveram mais problemas, acusados de fraude num relatório da Society for Psychical Research, assinado por Richard Hodgson. Ela chegou a ser acusada de ter inventado os Mahatmas e suas cartas. Mais do que nunca, Blavatsky entendia que precisava terminar sua obra principal, A Doutrina Secreta, e resolveu se mudar para Londres em 1887, publicando a obra no ano seguinte.

E, seus últimos anos de vida, Blavatsky tentou de todas as formas reforçar a posição da Sociedade Teosófica no mundo, inclusive enfrentando problemas internos que ameaçavam o entendimento da verdadeira mensagem. As dissensões internas acabariam por provocar um rompimento de fato da Sociedade, mas Blavatsky não chegou a ver esse momento. Ela faleceu em 1891.

Anne Besant- considerada a continuadora da obra de Blavatsky- ficou a frente da seção européia da Sociedade Teosófica, e Willian Q. Judge( 1851-1896) da seção norte-americana, com Olcott presidindo ate sua morte, em 1907. Algumas fontes afirmam que o próprio Judge encabeçou um movimento de separação ao fundar a The Teosophical Society in América, que posteriormente mudaria o nome para Universal Brotherhood and Theosophical Society.

Outra ramiicaçao da Sociedade foi a Sciedade Geral Antroposofica, fundada por Rudolf Steiner(1861-1925). Mas Besant é considarada a sucessora de fato. Ela conheceu Blavatsky em 1890, mas já estudava temas ligados ligados a epiritualidade e aos fenômenos psíquicos desde 1886. deu grande importância ao aspecto educacional da teosofia, fundando o Hindu Central College, em Benares, e a Universidade Nacional Indiana, em Adyar, na Índia.

Um dos maires problemas com relação a lidernça foi sua afirmação de que um novo messias reencarnaria na pessoa de seu dissipulo Krishnamurti, afirmação que provocou a separação de Steiner.

Desde 1971, a líder da Sociedade Teosofica é Grace F. Knoch, com a sede em Pasadena, E.U.A..

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