vida de aleister crowley

12-08-2008 15:56

Nascimento e envolvimento com o ocultismo

O jovem Aleister Crowley utilizando trajes rituais.
O jovem Aleister Crowley utilizando trajes rituais.

Edward Alexander Crowley nasceu quase à meia-noite em 12 de outubro de 1875, em Warwickshire, Inglaterra. Seu pai, rico cervejeiro, membro fervoroso de uma seita cristã, das mais puritanas, irmãos de Plymouth, impunha rigor na educação religiosa.

Sua infância esteve marcada por rígidos padrões de comportamento impostos por seus pais, Edward Crowley e Emily Bishop, ativos membros de uma extremada seita Cristã chamada Irmandade de Plymonth (fundada por John N. Darby). Edward Crowley , fez com que seu filho Aleister Crowley , ainda criança, freqüentasse a sua seita, forçando-o a diversas leituras da Bíblia Cristã e acostumando-o à vida religiosa da Irmandade. Este fato, muito embora viesse ser de grande valia bem mais tarde, quando da compreensão dos Mistérios com os quais esteve em contato, naquele momento apenas fez nascer na criança que se formava, uma intensa repulsa quanto a dogmas, em espécie aqueles de natureza "cristã". Aos quatro anos, Crowley lia a Bíblia e aos seis, era um exímio jogador de xadrez. Ingressou no Trinity College. Ali, aprendeu hebraico, grego e latim. Na mesma época, começou a se interessar por ocultismo. Abandonou o colégio em 1898, ano em que foi admitido na Ordem Hermética do Amanhecer Dourado (The Hermetic Order of the Golden Dawn G.'.D.'.), onde foi iniciado em Magia Cerimonial, Cabala, consagração de talismãs, invocação de espíritos e outras coisas.

Em 1886, seu pai falece, Crowley fica sob os cuidados de seu tio e tutor Tom Bishop. Demasiada era a crueldade de Tom Bishop, que Crowley auto-biografava esta fase de sua vida como “A Infância no Inferno”.

 

Início no Alpinismo

Na adolescência, o fascínio por aventuras o incentivou ao alpinismo. Praticou com vigor esse esporte, chegando ao destacar-se no mesmo. Sua carreira de alpinista chegou ao apogeu nos anos de 1902 e 1905, quando participou das primeiras tentativas de escalar duas das maiores montanhas do mundo, localizadas no Himalaia, o Chogo Ri (K2) e o Kanchenchunga.

Estudou, destacando-se em todas as disciplinas, em Trinity College, Cambridge, onde ficou no período de 1895 a 1898. Nesta época, Crowley, leitor voraz, estudou intensamente, tomando contato com o que de importante havia na literatura inglesa, francesa, além de diversas outras obras em Latim e Grego clássicos, inclusive filosofia e alquimia; se dedicou a canoagem, ciclismo, montanhismo e xadrez, atividade esta em que ganhou notoriedade e que exerceu por toda sua vida. Praticando o montanhismo, Crowley viria a conhecer um homem o qual passou a admirar profundamente: Oscar Eckenstein. Eckenstein, que, segundo Crowley, era um singular exemplo de dignidade e nobreza, ensinou-lhe, naquele momento, o alpinismo. Alguns anos depois, Eckenstein demonstraria que seu conhecimento não se limitava apenas à conquista de elevadas montanhas.

 

Saída da Golden Dawn

Utilizando o pseudônimo de Aleister Crowley, começou a publicar poemas e outros textos considerados pornográficos. Esse fato, sua vida sexual publicamente desregrada e o ciúme provocado pela sua rápida ascensão da Aurora Dourada valeram-lhe a antipatia dos membros da Ordem.

"(...) ele adquiriu um apartamento em Londres usando o nome de Conde Vladmir Svaref, onde dispôs dois quartos para construir um Templo Branco e um Negro. (...) Reza a lenda, certa noite, no Templo Negro (...) ele e Bennet, envergando trajes cerimoniais, invocaram espíritos utilizando o pentagrama mágico com seu círculo traçado no chão. Acenderam os incensórios no altar e jogaram folhas de meimendro, datura e incenso, que produziram uma fumaça espessa e de aroma forte. Apareceram 316 demônios que giraram sem parar em volta do círculo sagrado."

Não demorou o rompimento espetacular com a Golden Dawn, o que teria incluído, segundo os seus seguidores, "fabulosas batalhas entre hordas demoníacas" conjuradas por Crowley contra seus inimigos e vice-versa.

 

o Mago precoce

Em Cambridge, seu espírito, como era bem próprio à natureza da Besta, ansiando por um volume maior de conhecimento e aventuras, encontrava-se perturbado com a insubstancial perspectiva futura. Em 1898, antes de sua graduação, Crowley abandona os estudos para se dedicar a algo não comum e de maior profundidade do que o oferecido por uma promissora carreira acadêmica.

Mas o que exatamente seria este algo mais profundo?

Por volta de 1896, Crowley havia iniciado a leitura de alguns livros sobre magia e misticismo (2). Algo começava a tomar forma dentro de seu inquieto ser; porém a leitura de Nuvem sobre o Santuário (3), obra lhe recomendada por A. E. Waite (1867-1940), é que faz com que Crowley decida dedicar sua vida ao estudo do Ocultismo e da Magia, empenhando-se com afinco no sentido de encontrar a Grande Fraternidade Branca (4) mencionada no inspirador livro de Eckhartshausen. E aqui começa a carreira mágica de Aleister Crowley (5).

Em 1898, através de dois amigos, Julian Baker e George Cecil Jones (respectivamente Frati D.A. e Volo Noscere, ambos membros da G.'.D.'.), Crowley é apresentado a Samuel Liddell "MacGregor" Mathers (1854-1918), Frater D.D.C.F. (Deo Duce Comite Ferro), um dos líderes da Ordem Hermética da Aurora Dourada (The Hermetic Order of the Golden Dawn, mais conhecida pela sigla G.'.D.'.), uma das mais influentes Ordens do século XIX, que proporcionou a Crowley sua primeva Iniciação e o contato com os primeiros mistérios mágicos que tanto procurava. A G.'.D.'. fora fundada pelo próprio Mathers, junto com William Winn Westcott (1848-1925), conhecido pelo mote Frater N.O.M. (Non Omnis Moriar) e William Robert Woodman (1828-1891), cujo mote era Frater V.O.V. (Vincit Omnia Veritas), em 1887. Segundo seus fundadores, a existência da G.'.D.'. era devida à orientação e à ordem de uma alta iniciada alemã chamada Anna Sprengel, Soror S.D.A. (Sapiens Donabitur Astris), que autorizara a abertura de uma Loja na Inglaterra que representasse a suposta Ordem ancestral a qual pertencia (6). Diga-se de passagem que, a G.'.D.'., mesmo levando em conta o possível conciliábulo de sua criação, constitui uma das mais importantes Ordens jamais inventadas pelo espírito humano, conseguindo reunir em seu corpo de iniciados a nata da intelectualidade inglesa e européia da época. A informação que circula nos meios ocultistas atuais diz que nomes como o prêmio Nobel de Literatura em 1923, Willian Butler Yeats, além de Gustav Meyrink, Florence Farr, A. E. Waite, Sax Homer, Bram Stocker (7), F. L. Gardner, Arthur Machen, o próprio Crowley e tantos outros, pertenceram a esta notável organização.

Crowley, iniciado por Mathers em 18 de novembro de 1898, ao Grau de Neophytus (0=0), tomava, como Mote Mágico, o significativo nome de Perdurabo (eu perdurarei até o fim), iniciando, assim, seus estudos na G.'.D.'., tendo como primeiro Instrutor Frater Volo Noscere (G. Cecil Jones). Em dezembro do mesmo ano, Crowley atinge o Grau de Zelator (1=10).

Sua capacidade de assimilação de conhecimentos e sua dedicação ao estudo e a prática do Ocultismo o conduziram, também sob a instrução de Frater Iehi Aour (Allan Bennett), a ascender rapidamente aos Graus subsequentes da G.'.D.'.; assim, respectivamente em janeiro, fevereiro e maio do ano seguinte, em 1899, Crowley conquistou os Graus de Theoricus (2=9), Practicus (3=8) e Philosophus (4=7). Bennett, considerado por Crowley um autêntico Guru, o ensinou várias técnicas mágicas oferecidas pela G.'.D.'., técnicas como Cabala e Magia Cerimonial, consagração de Talismãs, evocação de Espíritos, e outras coisas.

 

 

Filiação a O.T.O.

Crowley com o símbolo de Hórus sobre a cabeça e um dos seus livros de magia, em 1910.
Crowley com o símbolo de Hórus sobre a cabeça e um dos seus livros de magia, em 1910.

Em 1900, o mago foi a Nova York e depois ao México, onde travou contato com o venerável-mestre da maçonaria local. Em viagem ao Ceilão, foi introduzido nos segredos da ioga e na filosofia budista. Em 1903, de volta à Europa, foi morar na Mansão Boleskine, localizada nos penhascos próximos ao Lago Ness, Escócia. Durante uma viagem ao Egito, conseguiu finalmente estabelecer contato com seu Anjo Guardião e concebeu a doutrina de Thelema. Em 1907, fundou a A.'.A.'., Astrum Argentum, a Ordem da Estrela de Prata.

Sua capacidade de assimilação de conhecimentos e sua dedicação ao estudo e a prática do Ocultismo o conduziram, também sob a instrução de Frater Iehi Aour (Allan Bennett), a ascender rapidamente aos Graus subsequentes da G.'.D.'.; assim, respectivamente em janeiro, fevereiro e maio do ano seguinte, em 1899, Crowley conquistou os Graus de Theoricus (2=9), Practicus (3=8) e Philosophus (4=7). Bennett, considerado por Crowley um autêntico Guru, o ensinou várias técnicas mágicas oferecidas pela G.'.D.'., técnicas como Cabala e Magia Cerimonial, consagração de Talismãs, evocação de Espíritos, etc.

Este período de sua vida foi fortemente marcado por duas atividades principais. Quando Frater Perdurabo não estava estudando ou praticando, Crowley, sob o pseudônimo de Conde Vladmir Svareff ou Aleister MacGregor, custeava as edições de seus escritos (normalmente algum tipo de pornografia ou poesia), além de cultivar uma intensa vida sexual, a qual escandalizou alguns membros da G.'.D.'.. Sua grande atividade e principal preocupação, no entanto, continuava a ser a o estudo e prática da Magia.

Entretanto, e isto deveu-se menos aos escândalos promovidos por Frater Perdurabo do que ao ciúme e inveja de certos Adeptos londrinos, e mesmo Crowley tendo demonstrado capacidade e talento em magia, sua iniciação à Segunda Ordem fora negada (8), em fins de 1899, pelos chefes da seção inglesa da G.'.D.'.. Nesta época, Mathers, agora único líder da Ordem, residia em Paris. Contrariando a opinião dos líderes londrinos, em 16 janeiro de 1900, em Paris, Mathers, fazendo valer sua autoridade dentro da Ordem, inicia Crowley ao Grau de Adeptus Minor (5o=6), sob o Mote Parzival. Alguns estudantes identificam aqui o fato que marca o inicio da ruína da G.'.D.'..

Pouco antes de sua iniciação, seu grande amigo e Instrutor, Allan Bennett, decide partir para Ceilão, e tornar-se monge Budista.

A insatisfação dos membros da G.'.D.'. com Mathers já era mais que um fato nessa época. Provavelmente o caso Crowley tenha servido como impulso e álibi necessários para o grupo londrino, liderado por Yeats, entre outros menos conhecidos, declarar-se independente de seu mentor e líder, MacGregor Mathers.

O que se seguiu após a rebeldia londrina resultou em histórias fantásticas de ataques mágicos envolvendo Crowley e uns demônios versus Yeats e, é claro, mais uma horda de demônios. Depois o próprio Mathers teria entrado na briga, junto, evidentemente, com uma outra legião de encapetados amiguinhos. Mas essa estória não escapa nem a mais tola crítica. O fato é que Crowley e Mathers ficaram praticamente sozinhos e a outrora grande G.'.D.'., agora conduzida pelos auto-proclamados novos chefes, ia progressivamente implodindo, ou se esfacelando, resultando num sem número de Ordens Cristianizadas, sem o élan da G.'.D.'. original. (9)

Crowley, que abandonara um importante trabalho mágico para ajudar Mathers, vê-se só (10). Parte para Nova York e depois vai para o México.

A estadia no México constituiu um período bem produtivo a Crowley. Além de Tannhauser, escrito em ininterruptas 67 horas, conseqüência de uma bem sucedida Opera Sexualis, esse período na América Central representou uma decisiva conquista no magista que se formava.

Foi apresentado a Don Jesus Medina, um dos altos chefes da Maçonaria local, Rito Escocês. Crowley afirma que Medina, o convidou para iniciar-se em sua Loja. Ainda segundo Crowley, ele rapidamente galgaria os graus Maçônicos, alcançando, por graça, o mais alto Grau do Rito. Crowley, no entanto, jamais foi considerado um Maçom regular.

Mas a chegada de seu amigo e mentor, Oscar Eckenstein, é que daria novos rumos a seu aprendizado. Eckenstein, revelando-se, para a surpresa de seu pupilo, um grande instrutor, demonstrou que Crowley não tinha controle sobre seus próprios pensamentos, qualificando sua atitude para com a magia como apenas mera fascinação romântica. A partir daí, Crowley decide dar um tom científico a seus experimentos, estudando com Eckenstein, uma série de métodos de controle mental.

Após algum tempo de alpinismo e treino mental, Crowley decide ir para o Oriente, com o propósito de encontrar Bennett, seu antigo instrutor, no Ceilão. Antes, entretanto, combina, com Eckenstein, a escalada do K2, no Himalaia, aventura a se realizar na primavera de 1902.

Bennett, agora Bhikku Ananda Meteya, que aprendera Yoga e Budismo, instrui Crowley nestas disciplinas. No outono de 1902, após a expedição ao K2, Crowley retorna a Paris. Seu novo encontro com Mathers o decepciona a tal ponto que só lhe restou a boêmia vida parisiense. Retorna a sua recém adquirida mansão em Boleskine, nas proximidades do Lago Ness, na Escócia, em 1903 e então, procurando algo suficientemente prosaico para si, intitula-se Lorde Boleskine. Em agosto deste mesmo ano, casa-se com Rose Kelly.

Mas o ano seguinte revelaria a Crowley o mistério que o acompanharia até seu último momento: A Lei de Thelema.

Casado com Rose Kelly, de acordo com Crowley, "uma da mais brilhantes e inteligentes mulheres do mundo", viaja pela Europa e Egito. De acordo com os relatos de Crowley, enquanto estavam no Cairo, após uma série de Rituais e Invocações, um ser, identificando-se como Aiwass, transmite a Crowley, nos dias 8, 9 e 10 de abril, o Liber Al vel Legis ou, como passaria a ser conhecido, O Livro da Lei. Àqueles que conhecem todo esse processo, é significativo saber que esse Livro foi o primeiro escrito de Crowley, de cunho místico & mágico. (11)

Entre tantos significados atribuídos pelos seguidores da doutrina de Crowley, Liber Al vel Legis proclamaria o fim de uma Era (ou Eon) marcada pelo sofrimento, pela intermediação entre Deus e o homem, pelo deus sacrificado, etc. Em seu lugar, nasceria a época do deus de alegria, onde o homem teria a liberdade de realização de sua própria vontade. A epígrafe "Faze o que queres há de ser o todo da Lei", contida em Liber Al e maciçamente utilizada nos escritos de natureza thelêmica, sintetiza a própria regra de conduta a ser tomada como tônica do Eon nascido.

Essa experiência, levou Crowley a assumir o Grau de Adeptus Major, 6o=5 da G.'.D.'., sob o novo Mote de O.S.V. (12)

De volta a Boleskine, Crowley imediatamente trata de expor sua consecução mágica a Mathers, revelando ter, finalmente, feito contato com os Mui Misteriosos Mestres Secretos que tanto havia procurado. Como costume, Mathers não aceita a revelação. Consequentemente, o mundo do esoterismo novamente, é palco para ataques mágicos de Mathers a Crowley e vice-versa (13). Mas o incontestável fato é que isso representaria o fim da convivência entre os dois magos.

Em 1905, mais uma expedição ao Himalaia: desta vez o alvo era o Kanchenchunga.

Cansado de suas birras com a G.'.D.'., em 1907, Crowley funda a A.'.A.'.; a Argenteum Astrum, Ordem da Estrela de Prata, que - segundo Frater O.S.V. - substituiria a G.'.D.'., herdando sua estrutura de graduação. Entre tantos significados possíveis, particularmente um inspirou Crowley na escolha desse nome para a Ordem. Segundo ele, o dourado amanhecer (Golden Dawn) é o que precede a Estrela Dalva (Vênus, ou Lúcifer), a prateada estrela da manhã que "anuncia" o Sol (14). Crowley, em 1909, dá início ao primeiro período aberto a Probacionistas a sua A.'.A.'. e, com a publicação da série The Equinox, "destrói" magicamente a G.'.D.'. (15). No período de 1907-1911, Crowley, consagrando seu tempo ao estudo, a prática e a escrita, publicaria cerca de uma dúzia de livros de cunho poético-mágico (excluindo a série The Equinox). Neste período também, após a morte de sua filha em 1906, Crowley separa-se de sua esposa, Rose Kelly, em 1909. Nesse mesmo ano, Crowley assume o Grau Adeptus Exemptus 7=4, agora na sua A.'.A.'., com o Mote OU MH. Em 3 de dezembro de 1909, durante uma a Visão do 14o Aethyr, toma o Grau de Magister Templi, sob o Mote V.V.V.V.V., 8=3 da Ordem da Estrela de Prata (16). Em 1911 Crowley escreve Liber CCCXXXIII, O Falsamente chamado Livro das Mentiras, que publicaria mais tarde, em 1913. Em 1912 porém, outro acontecimento daria novo rumo a sua vida.


Em meio à serie de livros que escreveu até 1911, destacou-se o Liber 777, ou Livro das Mentiras, que impressionou o líder da Ordo Templi Orientis (O.T.O.), na Alemanha, ordem que se auto-proclamava legítima herdeira dos Cavaleiros Templários. Crowley foi nomeado representante da OrdoTempli Orientis para os países de língua inglesa. Em 1920, fundou a Abadia de Thelema, na localidade de Cefalu, na Sicília, Itália. Atividades suspeitas e boatos sobre missas negras e orgias de sangue levaram a sua expulsão do local, por Mussolini, em 1923.

 

Drogas

O envolvimento de Crowley com drogas deu-se, a princípio, por conta do consumo de morfina para fins terapêuticos, posto sofrer ele de asma. Incentivado por Alan Bennett passou a utilizar drogas para finalidades ritualísticas. Cientes do prejuízo que tal uso causava à sua saúde, lutou uma verdadeira guerra para livrar-se do vício. Ao que tudo indica, conseguiu tal intento apenas já perto do final de sua vida, quando nem mesmo a morfina utilizava mais.

Crowley dizia que o uso de drogas com finalidades magicas era lícito. Porém ressaltava que o mesmo só deveria ser tentado por alguém que tivesse uma vontade e uma disciplina firmes o bastante para não se deixar dominar pelo vício.

 

Características pessoais

Crowley, sem dúvida, foi um intelectual do ocultismo mas também é famoso pelo seu gosto pelo Desporto: além de ter sido um excelente enxadrista desde a infância, praticou também o ciclismo, a canoagem e sobretudo, o alpinismo, tendo realizado várias excursões aos picos da cordilheira do Himalaia.

Outro aspecto marcante de sua biografia refere-se à vida sentimental. Foram duas esposas oficiais e muitas amantes, as chamadas mulheres escarlates, todas elas parceiras de Crowley em suas operações mágicas, que as utilizava como médiuns. De seus filhos, somente a primeira, do primeiro casamento, sobreviveu. Seu nome era Nuit Ma Ahathoor Hecate Sappho Jezebel Lilith Crowley, um panteão que reúne alegorias representativas de Justiça, Amor, Beleza, Face Negra da Lua, Poetisa, Adoradora de Ba'al e Rainha dos Demônios e dos Mundos Infernais. Quando Crowley morreu, Lilith recusou o legado literário ocultista de seu pai.

Entre outros epítetos, todos auto-atribuídos, Crowley foi chamado: Perdurabo (em latim, "Eu perdurarei até o fim"), Parzival, Baphomet (como líder da O.T.O. em países de língua inglesa), Deus est Homo (como chefe da O.T.O. mundial), "O mago das mil faces", "A Grande Besta" (To Mega Therion, em grego) ou ainda, como queriam seus detratores, "O homem mais perverso do mundo".

Durante a II Guerra Mundial, Ian Fleming e outros propuseram uma operação de desinformação na contra propaganda de guerra, em que Crowley teria ajudado o MI6,serviço secreto britanico como agente especial para atrair o oficial nazista Rudolf Hess,segundo no comando dentro do poder na Alemanha junto ao lider Adolph Hitler.Crowley junto com Louis de Wohl,nascido na alemanha, e recrutado durante a Guerra pelo MI6 britanico, um ocultista e supostamente um membro "Lantern do The Seven Circle",supostamente ,ambos ajudaram ao serviço secreto inglês e na criação do plano de ocultismo,desenvolvendo horóscopos e diversos documentos falsos para ludibriar os nazistas. Crowley ,acreditasse também que tenha se utilizado de acrônimo de Maskmelin, um mágico e mestre secreto da "The Seven Circle ,denominado pelo codename Secret Agent 777,uma referencia baseda na Qabalistica escrita pelo próprio Aleister Crowley numa coleção , editada e introduzida pelo Dr. Israel Regardie .Tanto Crowley,Ian Fleming,e outros infiltrados agentes faziam parte de uma Operação desenvolvida baseada no livro “Flying Visit” de 1940 ilustrado por David Low, — uma humoristica novela sobre a visita a Inglatrra por Adolf Hitler-,escrito pelo irmão mais velho de Fleming,também um agente infiltrado cognominado por “Lantern” nos Serviços Secretos da organização MI6,que poderiam então passar ao longo informações falsas sobre uma alegada pró-alemão círculo na Grã-Bretanha.O governo britanico abandonou esse plano quando Hess voou para a Escócia, falhando o seu avião sobre o próximo Eaglesham mouros, e foi capturado. Fleming então sugeriu usar Crowley como um interrogador para determinar a influência da astrologia com outros líderes nazistas, mas seus superiores rejeitaram esse plano. Em algum momento, Fleming também sugeriu que a Grã-Bretanha poderia usar Linguagem enoquiana como um código, a fim de planta provas.

 

Ritual em Ashdown Forest, Crowbourgh em Sussex

Outro esquema envolvendo Crowley com o já famoso "Ritual das Bruxas". Este era destinado a Hitler e os nazistas do alto comando para evitar a invasão da Inglaterra. Importa agora de que este foi elaborado um hoax para enganar Hitler, que acreditava na feitiçaria e nos poderes do oculto. O ritual teve lugar em Ashdown Forest, Crowbourgh em Sussex, e os ocultistas a serviços de Aleister Crowley e seu filho Amado Crowley.Uma rede de infiltrados agentes do oculto ou "Lantern's', entre eles o famoso cultista amigo de Crowley, um também membro da The Seven Circle, Cecil Hugh Williamson].Williamson foi o fundador do Centro de Pesquisa Witchcraft na Segunda Guerra Mundial, e o Museu de bruxaria em Castletown sobre a Ilha de Man. Em 1938, ele foi convidado a ser o cabeça de uma secção especial do MI6, anexado ao Foreign Office. Seu objetivo foi o de recolher e assimilar as informações sobre os nazistas e magia .A fim de facilitar a Operação Witchcraft, ele formou o Centro de Pesquisa, tendo Crowley como um importante agente duplo. Uma parte de sua estratégia, foi a de determinar em que o alto comando nazista seria influenciado pela astrologia, e superstições previsões (em particular as de Nostradamus). Isto foi feito através do estudo da grafologia e outros métodos.O mago Gerald Gardner,um discipulo de Crowley e fundador da Wicca, alega que ele e seu novo coven, local de feitiçaria , onde são denvolvidas o ritual,que teve lugar no New Forrest, Hampshire. Segundo Gardner, talvez Crowley e seu coven foi realizado num ritual semelhante, mas não sob os auspícios e apoio dos governos na época ou mesmo do MI6 .

 

Falecimento

No primeiro dia de dezembro de 1947, aos 72 anos, Aleister Crowley, serenamente segundo alguns, exultante segundo outros, e ainda perplexo, segundo terceiros, falece, vítima de bronquite crônica e complicações cardíacas, uma fragilidade que tanto o atormentava.

Quatro dias depois, no crematório de Brighton, assistido por um reduzido número de admiradores e discípulos, é realizada a cerimônia que ficou conhecida como "O Último Ritual", com a leitura de trechos da Missa Gnóstica, e de seu maravilhoso Hino a Pã. Realizara-se, assim, a última vontade da Besta.

 

Algumas Cronologias Relacionadas a Crowley

1) Hora corrigida por Fernando Pessoa: 11:16 pm.

2) Principalmente The Book of Black Magic and of Pacts de Arthur Edward Waite (1867-1940), norte-americano, maçom, erudito e autor de diversas obras sobre Cabala, Maçonaria, Rosacrucianismo, etc.

3) Der Wolke vor dem Heiligthume (1802), de autoria de Karl von Eckhartshausen (1752-1803), bibliotecário, místico e autor alemão (Baviera).

4) Devemos lembrar que isto ocorreu ao final do século passado, quando o termo "Grande Fraternidade Branca" de fato significava algo mais interessante do que se vê hoje.

5) Aleister é apenas a forma gaélica de Alexander, e não, como muitos pensam, uma oculta referência a algum tipo de terrível demônio.

6) Para maiores informações sobre a trama e a história da G.'.D.'., The Magicians of the Golden Dawn de Ellic Howe.

7) Sax Homer, autor de Dr. Fumanchu, e Bram Stocker, autor de Drácula, segundo consta no best-seller de Louis Pauwels e Jacques Bergier, Le Matin des Magiciens, pertenceram a G.'.D.'. (essa informação, entretanto, é refutada por Howe). Em relação a Gustav Meyrink, sua participação na G.'.D.'. também é negada por alguns pesquisadores.

8) A G.'.D.'. era dividida em três sub-ordens: a primeira consistia dos cinco primeiros Graus (de Neophytus a Philosophus), a segunda de Adpetus Minor à Exemptus, a terceira e última comportava os Graus de Magister Templi e Magus. Uma excelente explanação sobre a G.'.D.'.( é dada por Israel Regardie, em seu memorável The Complete Golden Dawn System of Magic.

9) Stella Matutina de Waite, Inner Light de Dion Fortune, Servants Of Light de W. E. Butler e Gareth Knight, além das diversas "Golden Dawns" espalhadas pelo mundo afora.

10) A Operação de Abramelin.

11) Para uma descrição detalhada do ocorrido com Crowley e Rose, bem como a respeito de Aiwass, ver The Equinox of the Gods, do próprio Crowley.

12) O.S.V. são as iniciais de "Ol Sonuf Vaoresagi", parte da Primeira Invocação Enoquiana, e que significa "Eu Reino sobre Ti".

13) Crowley, segundo se afirma, enviou o Sr. Beelzebub e seus 49 "comparsas" para rechaçar um ataque mágico desferido por Mathers.

14) Isto é apenas um sentido poético. Existindo outros, inclusive de natureza tântrica, associado com o trabalho interno da Ordem.

15) Isso apenas se constituiu em mais um glamour. A G.'.D.'., nessa época, já se encontrava em processo de fragmentação e em nada poderia ser mais prejudicada com a publicação de suas Instrução na série The Equinox. Diga-se ainda que, o fato de uma Organização qualquer, ver publicado seus próprios Rituais não significa, em hipótese alguma, que seus trabalhos tenham deixados de ser válidos. Pensar assim seria o mesmo que supor estarem há muito inválidadas as várias posições sexuais contidas no Kama-Sutra, visto ter ele sido publicado. Resumindo, a experiência, prática e pessoal, sempre valerá.

16) Como resultado da operação temos o Liber CDXVIII, The Vision and The Voice.

17) O.H.O, do inglês Outer Head of Order, ou Chefe Externo da Ordem. Reuss, assim como Crowley, fez bastante esforço para ser aceito como um maçom regular. No entanto, apesar de ambos terem adquirido fama da maçons, não são reconhecidos como tal por nenhuma Loja Regular da maçonaria mundial.

18) Não se sabe ao certo como Reuss teria adquirido o Liber CCCXXXIII (O Assim Falsamente Chamado Livro das Mentiras), antes de sua publicação. Supõe-se que isto poderia ter sido um ardil, preparado por Crowley, para impressionar Reuss. Resumidamente, o Segredo Central da O.T.O. está exposto no capítulo XXXVI do Livro das Mentiras, onde Crowley descreve uma opera magica na qual o Mago armado com sua Baqueta Mágica (O Pênis) faz uso de um Cálice (Vagina), consumindo o produto desta operação.

19) A jornada pelo oriente e o contato com os altos iniciados compõe versão oficial da criação da Ordo Templi Orientis. Está versão, contudo, não passa de mera ficção cuja base está na lenda apresentada pela jornada de Cristian Rosenkreutz, lenda está que dá origem a Escola Rosacruz. Não existem registros de que Kellner, aliás, assim como Reuss, agente do serviço secreto germânico, tenha realmente estado engajado numa viagem de tal tipo; sendo possível que estes "segredos" tenham sido meramente obtidos quando de sua passagem, em Paris, através da Brotherhood of Light, a qual pertencera - este sim, notável - Pascal B, Randolph.

20) Para melhor explanação sobre H. Spencer Lewis e a criação da AMORC, sugiro a leitura do ótimo Os Mistérios da Rosa Cruz, de Christopher Mcintosh (Edições Ibrasa).

21) Que, diferindo da viagem de Kellner, de fato ocorrera.

22) Mais conhecido pelo título genérico de Magick.

23) Como Líder da O.T.O., Crowley ficou mundialmente conhecido como Frater Baphomet. No entanto, de acordo com o curioso The Magical Revival, de Kenneth Grant, seu Mote Mágico era mesmo Deus est Homo.

24) O primeiro, como já dito, sucedeu Crowley como O.H.O. da O.T.O., e o segundo tornou-se seu secretário particular.

25) Fernando Pessoa, ao contrário do que é afirmado por alguns thelemitas, jamais pertenceu qualquer organização de cunho iniciático.

 

Obras

Alguns de seus mais influentes livros incluem:

  • The Book of the Law
  • Magick (Book 4)
  • The Book of Lies
  • The Vision and the Voice
  • Liber 777
  • The Confessions of Aleister Crowley
  • Magick Without Tears
  • Little Essays Toward Truth
  • The Goetia: The Lesser Key of Solomon the King
  • Aleister Crowley and the Practice of the Magical Diary

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